Pular para o conteúdo principal

Mudança de Estratégia

Feliz é o candidato que consegue manter o seu discurso durante toda a campanha.

Antes das eleições, a equipe de cada candidato traça uma estratégia, sobre a imagem pública que ele quer passar, o discurso que ele vai manter durante a campanha para conquistar, se não o coração, pelo menos o voto do eleitor. E lá se vão as pesquisas qualitativas, os publicitários e coordenadores em busca das palavras-chaves para se comunicar com o cidadão.

Dessa forma, tanto a candidatura do PT quanto a do Bolsonaro não foram desconstruídas pelo decorrer dos fatos ou dos adversários. Desde o começo, o PT estava aí para fazer o Brasil feliz de novo, apostando na percepção de parte da população que as coisas estavam melhores antes. O mesmo ocorre com o Bolsonaro, que sempre foi a candidatura da defesa do país contra a ameaça comunista (?), contra tudo o que está aí, e pela preservação dos valores conservadores.

Em ambos os casos, são narrativas que estão sendo construídas há algum tempo. Desde que Bolsonaro foi projetado nacionalmente pelo CQC ele segue essa linha de ódio, contra o politicamente correto e de correção moral para mudar isso que esta aí. O PT também foi eficiente em construir a narrativa do golpe, desde o impeachment, passando pela prisão do Lula e, ajudado, principalmente pelo desastre do governo Temer e suas reformas ditas impopulares.

Agora veja o caso do Alckmin. Desde o começo, ele apostou no discurso da experiência de quem foi governador do maior estado brasileiro por 14 anos. Acreditava que era a figura moderada que o país precisava, para acalmar os ânimos nesse momento de polarização. Não deu certo. O momento é de loucura e caos. Ele tentou uma linha mais agressiva para desestabilizar o Bolsonaro, mas quando a ofensiva começou, o candidato do PSL foi esfaqueado e freou a iniciativa. Alckmin então tentou se postar como o candidato da direita que pode vencer o PT no segundo turno. Com a mudança dos ares das pesquisas eleitorais, mostrando que a situação dele e de Bolsonaro são parecidas para o segundo turno, ele perdeu esse discurso. Desde então ele patina em um limbo entre a experiência, o combate ao extremismo, mas sem resultado nenhum. Sua campanha carece de emoção e comoção popular.

Marina Silva tentou em um primeiro momento brigar pelo espólio de Lula e, de certa forma, ela foi a primeira herdeira lulista. Apostava também na moderação e na lembrança das eleições anteriores, fora seu histórico ambiental. Ainda como segundo colocada, ela tentou se fortalecer apostando no voto feminino e na rejeição maior das mulheres ao Bolsonaro. No entanto, Marina foi apenas hospedeira dos votos de Lula e logo que eles começaram a passar para Haddad, ela ficou sem discurso. Apostou na ética, na tranquilidade, também fez discurso contra o PT, mas de nada adiantou.

Ciro Gomes, o último que ainda respira, também iniciou apostando na briga pelos restos eleitorais do Lula, já que todos tinham dúvidas se os mesmos seriam transferidos para o Haddad. Sua grande bandeira sempre foi a história do SPC, aliado ao conhecimento técnico e uma autenticidade que anda tanto em moda. Por mais que tenha conseguido abocanhar alguns votos, a grande maioria logo se transferiu para o petista e Ciro se viu obrigado a ter que bater no PT também. Com a consolidação de Haddad, restará a ele uma busca pelos eleitores que não são nem petistas, nem antipetistas, tentando sugar alguns votos de Marina e Alckmin, ou mesmo das candidaturas menores para ir ao paraíso do segundo turno, onde ele se tornaria favorito contra qualquer um.

Bem, pelo lado positivo, essa mudança é significado de alguma chance de competição. Veja o caso do Álvaro Dias, que começou participando das sabatinas televisivas e agora briga pelo 6º lugar com Meirelles e Amoedo. Se manteve do início ao fim como o candidato da República de Curitiba e, agora que ameaça naufragar de vez, se perde na campanha contra o voto útil, para manter um mínimo de dignidade.

Comentários

Postagens mais visitadas

O Território Sagrado de Gilberto Gil

Gilberto Gil talvez não saiba ou, quem sabe saiba, mas não tenha plena certeza, mas o fato é que ele criou a melhor música jamais feita para abrir um show. Claro que estou falando de Palco, música lançada no álbum Luar, de 1981 e que, desde então, invariavelmente abre suas apresentações. A escolha não poderia ser diferente agora que Gil percorre o país com sua última turnê, chamada "Tempo Rei" e que neste último sabado, 7 de junho, pousou na Arena Mané Garrincha, em Brasília.  "Subo neste palco, minha alma cheira a talco, feito bumbum de bebê". São os versos que renovam os votos de Gil com sua arte e sua apresentação. Sua alma e fé na música renascem sempre que ele sobe no palco. "Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar, fogo eterno pra  consumir o inferno fora daqui". O inferno fora do palco, que é o seu território sagrado. Território define bem o espetáculo de Gil. Uma jornada por todos os seus territórios, da Bahia ao exílio do Rio de Janeir...

Paz

Não há como ser contra a paz. Mas seus pedidos costumam a ser vagos. Coisa de ator da globo em vinheta de final do ano. Paz é algo intangível, variável. Mas, repito: não há como ser contra a paz. O atentado do Realengo traz novamente, pedidos de paz. Em um caso que nada tem haver com a paz. O massacre não é uma cena do caos urbano da cidade, da violência desenfreada. A paz que faltou, foi na mente perturbada de Wellington. Pessoas tendem a pedir paz em casos isolados. Pediu-se paz quando a menina Nardoni foi jogada pela janela. Quando Eloá foi baleada. Em todas essas situações, não há influência nenhuma de uma cultura das armas ou o que quer que se diga. Um é um caso passional, o outro um problema familiar. A paz deve ser pedida, por mais difícil de definir que ela seja, a cada assalto, cada latrocínio, seqüestro. Situações criminosas que se repetem com freqüência. A Paz nada tem haver quando uma mente perturbada pega em armas para tentar resolver problemas pessoais.

Melhores tenistas sub-18 desde 2000

O título do brasileiro João Fonseca no ATP Next Gen disputado na última semana cria expectativas de que talvez estejamos diante de um fenômeno. De fato, João tem números muito bons para um rapaz de 18 anos e, mais do que o título, termina 2024 como o melhor tenista sub-18 do ranking da ATP. Sim, no torneio disputado na Arábia Saudita ele era o caçula da lista. Para tentar entender o que isso pode representar, fiz uma busca sobre os melhores tenistas de até 18 anos no último ranking da ATP em cada ano do século atual (O ano 2000 entra de lambuja). Vamos a lista. 2000: Guillermo Coria era número 88. O argentino chegou a ser número 3 do mundo e conquistou 9 títulos na carreira. Foi finalista de Roland Garros em 2004 e venceu dois Masters 1000. 2001: Carlos Cuadrado era número 280. O espanhol chegou no máximo ao número 222 do ranking, com apenas 8 jogos entre os profissionais. 2002: Mario Ancic era número 89. O croata chegou a ser número 7 do mundo. Ganhou três títulos na carreira, todos e...