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Lembranças Olímpicas

Marcelo Negrão foi para o saque e eu disse "é agora". Eu tinha cinco anos recém completados e o Brasil estava prestes a conseguir sua primeira medalha de ouro no vôlei. Marcelo Negrão sacou, o holandês não conseguiu defender a bola, que talvez tenha parado fora do ginásio. A equipe comemora a conquista e eu celebro meu momento jovem Nostradamus.

As Olimpíadas de 1992 foram as primeiras que eu acompanhei na minha vida. Lembro de uma abertura pavorosamente chata - apesar de todo mundo querer ver, eu sempre acho a abertura chata, exceção feita às de Pequim em 2008. O vôlei e o basquete são os dois grandes esportes coletivos dos Jogos. O futebol, não.

O futebol é jogado por atletas milionários, mas que não estão entre os grandes milionários. A medalha de ouro olímpica não é mais importante do que um título na Copa do Mundo. O futebol nos jogos olímpicos ocupa um patamar de mediocridade. O lado superstar dos jogadores de futebol se difere do famoso espírito olímpico. Ao contrário do vôlei e do basquete. Nesses dois esportes, o clichê do  Sonho Olímpico vale bem. Lá temos atletas dispostos a matar ou morrer por uma medalha.

Lembro particularmente do torneio olímpico de basquete em 2004. A Argentina fez uma campanha gloriosa, com uma vitória absolutamente histórica contra os EUA na semifinal. Que se dane a rivalidade. Era impossível torcer contra aquela seleção argentina e até hoje eu tenho grande admiração por Ginobili e Scola.

Ainda em 2004, me lembro que pela primeira vez matei uma aula. Matei uma aula de tarde para assistir Brasil e Itália no vôlei. Foi um jogo histórico, com um tie brake interminável, 33x31. A seleção de Bernardinho estava em seu melhor momento e era capaz de vencer todos os jogos, principalmente os impossíveis.

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