Pular para o conteúdo principal

A tragédia do Sarriá

Itália 3x2 Brasil, pela copa de 82 é uma das derrotas mais marcantes da história brasileira. Tragédia de uma geração e tudo mais. Vi pela primeira vez o jogo, na ESPN. Algumas notas.

1) Foi um jogo muito mais disputado do que a final de 70. Aliás, um jogo com mais chances de gol.

2) Foram duas grandes besteiras da zaga brasileira. Cerezo errou uma saída de bola boba e gol da Itália. Um escanteio bobo, Júnior ficou parado e gol da Itália.

3) Júnior, aliás, teve uma atuação fraca. Errou cruzamentos, passes. Destacou-se pela movimentação. Caia pelo meio para armar o time, abria pela ponta direita. Mas pouca coisa deu certo. E Serginho Chulapa realmente destoava.

4) O melhor em campo foi Falcão. Armava, corria, marcava, finalizava. Um jogador completo e com uma classe incrível.

5) O primeiro tempo foi muito disputado. O Brasil ligeiramente superior, rondava a área italiana. O começo do segundo tempo foi completamente italiano, que quase matou o jogo num contra-ataque. No seu pior momento em campo, o Brasil empatou - golaço de Falcão. Nos sete minutos seguintes, até o terceiro gol italiano, a seleção brasileira dominou. Éder errou um contra-ataque que podia ser mortal. Zico prendeu demais a bola na lateral. A Itália estava atordoada.

6) Golaço aliás, o primeiro brasileiro. O time se movimentava muito. Os jogadores rodavam de posição e a marcação era difícil. Mas, como os italianos marcavam.

7) Principalmente Cláudio Gentile. Um marcador por vezes sujo, mas implacável.

8) No fim do jogo Zico e Sócrates foram muito para dentro da área e a armação sobrou para Éder. Talvez não fosse a melhor solução, mas o desespero...

9) Para completar o drama de uma geração, Oscar cabeceou uma bola implacável no último minuto. Zoff defendeu e caiu com ela em cima da linha. Não podia ser pior.

10) Não podia ser pior. A pior derrota do futebol é aquela em que se podia ter vencido. Aquela que você passa dias pensando naquela bola que podia ter entrado. Até eu saí frustrado com o jogo, 28 anos depois.

++++
Algumas notinhas sobre outros jogos da série.

1) Incrível como a Holanda dominou o Brasil em 74. Escapamos de sofrer uma derrota humilhante.

2) Incrível como a Holanda jogou apenas 5 minutos contra a Alemanha no final.

3) Brasil e Argentina em 1978 foi a maior carnificina que já assisti na minha vida. Uns sete jogadores mereciam ser expulsos.

4) Aliás, o futebol era muito, muito violento. A final de 78 entre Holanda e Argentina teve pelo menos quatro entradas criminosas. A final de 78 aliás, foi um jogo bem fraco. Duas seleções bem limitadas, e a emoção ficou por conta da bola na trave da Holanda no último minuto.

5) O Peru se vendeu a Argentina em 78. O primeiro tempo foi até normal. Mas o segundo tempo foi vergonhoso. Alguns jogadores peruanos mal se mexiam em campo. E ah, o Peru tinha um bom time. Havia empatado com a Holanda e derrotado a boa seleção da Escócia. Nesse jogo, entregaram.

Comentários

Postagens mais visitadas

O Território Sagrado de Gilberto Gil

Gilberto Gil talvez não saiba ou, quem sabe saiba, mas não tenha plena certeza, mas o fato é que ele criou a melhor música jamais feita para abrir um show. Claro que estou falando de Palco, música lançada no álbum Luar, de 1981 e que, desde então, invariavelmente abre suas apresentações. A escolha não poderia ser diferente agora que Gil percorre o país com sua última turnê, chamada "Tempo Rei" e que neste último sabado, 7 de junho, pousou na Arena Mané Garrincha, em Brasília.  "Subo neste palco, minha alma cheira a talco, feito bumbum de bebê". São os versos que renovam os votos de Gil com sua arte e sua apresentação. Sua alma e fé na música renascem sempre que ele sobe no palco. "Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar, fogo eterno pra  consumir o inferno fora daqui". O inferno fora do palco, que é o seu território sagrado. Território define bem o espetáculo de Gil. Uma jornada por todos os seus territórios, da Bahia ao exílio do Rio de Janeir...

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Wilco de 1 a 13

No próximo domingo o Wilco retorna ao Brasil para a sua terceira passagem em solo nacional (a primeira vez que irei assistir). Uma oportunidade para resgatar a discografia deste grupo que conheci em 2004 e pouco depois se tornou uma obsessão pessoal. 1. AM (1995) O Wilco nasce das cinzas do Uncle Tupelo, aclamado grupo da cena country alternativa norte-americana. O nascimento foi meio traumático, já que o Uncle Tupelo acabou no momento em que Jay Farrar avisou que odiava Jeff Tweedy. Bem, os outros membros do Uncle Tupelo ficaram com Tweedy para formar o Wilco, então o problema devia ser Jay Farrar. O primeiro disco do Wilco segue caminhando exatamente no mesmo caminho onde estava o grupo anterior, um Country Rock moderno com um pouco de PowerPop setentista, bebendo na fonte do Flying Burrito Brothers. Há algumas boas músicas como I Must Be High , Box Full of Letters e Passenger Side , mas o resultado não impressionou nem público, nem crítica. Tivesse o Wilco se desintegrado após este...