Pular para o conteúdo principal

O Gol Premeditado de Messi

Há 8 anos, em 23 abril de 2017, o Barcelona venceu o Real Madrid por 3x2 em pleno Santiago Bernabeu. Lionel Messi marcou o gol da vitória quando faltavam 13 segundos para que os dois minutos de acréscimos se esgotassem. Tirou a camisa e a mostrou para torcida, exibindo o número 10 que carregava nas costas.

A câmera mostra Marcelo deitado no chão, extenuado após correr o campo inteiro atrás de Sergi Roberto, que puxou o contra-ataque. Messi leva o cartão amarelo, mas nem olha para a cara do juiz. A torcida do Real se divide entre a vontade de assassinar ou admirar o camisa 10.

Foi um fim épico para um grande confronto. Casemiro abriu o placar para o Real no primeiro tempo. Messi empatou logo depois. Rakitic virou o confronto na metade final do segundo tempo e, pouco antes dos 40, James Rodriguez desviou bola para o fundo das redes e empatou o confronto.

Era a 33ª rodada do Campeonato Espanhol e até ali o Real Madrid liderava com 3 pontos de vantagem. O empate no confronto direto parecia definir a taça, mas o gol de Messi colocou o Barcelona na frente nos critérios de desempate.

Bem, no fim das contas o Barcelona vacilou e o real conquistou La Liga por 3 pontos. Messi foi o artilheiro do campeonato com 37 gols, o quarto de seu oito Pichichis. 

A parte o contexto histórico, me lembro do momento. A brilhante arrancada de Sergi Roberto era um claro lance de perigo, uma vez que seis jogadores do Barcelona corriam de frente para três madridistas. Um desses seis era Messi, com sua típica corrida meio alheia aos fatos, à direita de Roberto, um pouco atrás.

A bola chega em André Gomes e são sete barcelonistas contra cinco merengues. No entanto, o lado esquerdo do ataque dos catalães, onde a bola está, parece bem protegido. André Gomes não espera a tentativa de chegada de Marcelo, sempre ele, e rola a maneira para a ultrapassagem de Jordi Alba. Então, ocorre um momento de clarividência.

Na hora em que a bola se aproxima de Jordi Alba eu grito gol. Minha esposa me olha espantada. Quando o gol saiu, cerca de três ou quatro segundos depois, ela me pergunta como eu consegui prever o futuro.

O fato é que, na hora em que a bola se aproxima de Jordi Alba, Messi, que era então o mais atrasado dos sete catalães, pressente a jogada. Enquanto todos se afundam na grande área, Messi deixa seu trote meio alheio e parte em diagonal na direção do centro da meia-lua.


Alba não tem dúvida de que ele estaria ali. O passe sai perfeito na direção do pé-esquerdo do argentino. Ele ajeita a passada e bate tranquilamente no canto direito de Keylor Navas.

Suarez faz o bloqueio no corpo de Nacho, único que ainda poderia tentar evitar alguma coisa. Toni Kross se estica sem muita convicção. Navas se joga quando a bola estava na altura da linha da pequena área, talvez meio segundo atrasado para ter qualquer chance. A vitória estava decretada.

Messi no seu auge tinha essa magia. Suas movimentações eram uma antevisão do gol. Quando ele partia da meia-direita cortando para dentro já podíamos ver a bola no fundo das redes. Quando ele partia em velocidade costurando a zaga, já podíamos ouvir o gol do narrador. Todo mundo podia ser um pouco Nostradamus. 

Comentários

Postagens mais visitadas

O Território Sagrado de Gilberto Gil

Gilberto Gil talvez não saiba ou, quem sabe saiba, mas não tenha plena certeza, mas o fato é que ele criou a melhor música jamais feita para abrir um show. Claro que estou falando de Palco, música lançada no álbum Luar, de 1981 e que, desde então, invariavelmente abre suas apresentações. A escolha não poderia ser diferente agora que Gil percorre o país com sua última turnê, chamada "Tempo Rei" e que neste último sabado, 7 de junho, pousou na Arena Mané Garrincha, em Brasília.  "Subo neste palco, minha alma cheira a talco, feito bumbum de bebê". São os versos que renovam os votos de Gil com sua arte e sua apresentação. Sua alma e fé na música renascem sempre que ele sobe no palco. "Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar, fogo eterno pra  consumir o inferno fora daqui". O inferno fora do palco, que é o seu território sagrado. Território define bem o espetáculo de Gil. Uma jornada por todos os seus territórios, da Bahia ao exílio do Rio de Janeir...

Paz

Não há como ser contra a paz. Mas seus pedidos costumam a ser vagos. Coisa de ator da globo em vinheta de final do ano. Paz é algo intangível, variável. Mas, repito: não há como ser contra a paz. O atentado do Realengo traz novamente, pedidos de paz. Em um caso que nada tem haver com a paz. O massacre não é uma cena do caos urbano da cidade, da violência desenfreada. A paz que faltou, foi na mente perturbada de Wellington. Pessoas tendem a pedir paz em casos isolados. Pediu-se paz quando a menina Nardoni foi jogada pela janela. Quando Eloá foi baleada. Em todas essas situações, não há influência nenhuma de uma cultura das armas ou o que quer que se diga. Um é um caso passional, o outro um problema familiar. A paz deve ser pedida, por mais difícil de definir que ela seja, a cada assalto, cada latrocínio, seqüestro. Situações criminosas que se repetem com freqüência. A Paz nada tem haver quando uma mente perturbada pega em armas para tentar resolver problemas pessoais.

Melhores tenistas sub-18 desde 2000

O título do brasileiro João Fonseca no ATP Next Gen disputado na última semana cria expectativas de que talvez estejamos diante de um fenômeno. De fato, João tem números muito bons para um rapaz de 18 anos e, mais do que o título, termina 2024 como o melhor tenista sub-18 do ranking da ATP. Sim, no torneio disputado na Arábia Saudita ele era o caçula da lista. Para tentar entender o que isso pode representar, fiz uma busca sobre os melhores tenistas de até 18 anos no último ranking da ATP em cada ano do século atual (O ano 2000 entra de lambuja). Vamos a lista. 2000: Guillermo Coria era número 88. O argentino chegou a ser número 3 do mundo e conquistou 9 títulos na carreira. Foi finalista de Roland Garros em 2004 e venceu dois Masters 1000. 2001: Carlos Cuadrado era número 280. O espanhol chegou no máximo ao número 222 do ranking, com apenas 8 jogos entre os profissionais. 2002: Mario Ancic era número 89. O croata chegou a ser número 7 do mundo. Ganhou três títulos na carreira, todos e...