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Outras reações frustradas na Fórmula 1

No último domingo, certamente Lando Norris fez uma leve refeição antes de participar do Grande Prêmio do Brasil sonhando com uma virada que aumentaria suas chances de ser campeão do mundo. Poucas horas antes ele havia feito a pole position para a corrida, enquanto seu rival Max Verstappen largaria apenas na 17ª colocação. 

Poderia sonhar com um vitória e com a possibilidade de seu rival chegar ali em uma distante quinta colocação. A distância de 44 pontos poderia cair para 29 e, aí, por mais que continuasse difícil ser campeão, não daria para negar que era uma chance.

No entanto o que se viu no domingo foi completamente diferente. Contando com uma atuação primorosa e um pouco de sorte, Max Verstappen conseguiu a vitória em São Paulo. Lando, por outro lado viu tudo dar errado - largada ruim, fim do VSC na hora em que entrava no boxe, enfim, e chegou em oitavo. A reação virou um provável título de Verstappen na próxima corrida em Las Vegas - ainda acho mais provável o título na Sprint do Catar.

Mas, essa não foi a primeira vez que um piloto acordou no domingo achando que viveria ali o seu turning point no campeonato, para dormir abraçado na decepção. Vamos lembrar de mais algumas ocasiões.

GP da Alemanha de 2018

Após vencer o GP da Inglaterra, Sebastian Vettel abriu oito pontos de vantagem sobre Lewis Hamilton no campeonato. Chegando para o seu grande prêmio caseiro, Vettel fez a pole position e assistiu Hamilton largar em 14º. Estava aberta a possibilidade de abrir quase 20 pontos em um campeonato que ultrapassava a sua metade.

No entanto, além da brilhante recuperação de Hamilton, Vettel cometeu um erro besta quando começou a chover e viu o rival abrir 24 pontos no campeonato, distância que só iria abrir a partir de então.

GP de Cingapura de 2017

A Ferrari de 2017 foi o primeiro carro a conseguir competir com a Mercedes na era híbrida. Não era um carro brilhante, mas funcionava muito bem nas pistas mais travadas. Foi dessa forma que Sebastian Vettel chegou em Cingapura - pista que favorecia a Ferrari - apenas três pontos atrás de Lewis Hamilton.

O sábado foi ótimo para o alemão, que conseguiu a pole position seis décimos a frente de Hamilton, apenas o quinto colocado. Para melhorar, a Red Bull andava bem em Marina Bay e era possível sonhar em assumir a liderança do mundial com 12 pontos de vantagem, faltando seis corridas para acabar.

Mas a largada na chuva (Sempre ela!) foi caótica, Raikkonen e Verstappen bateram e acertaram Vettel, Hamilton assumiu a liderança e saiu do país asiático com 28 pontos de liderança. Distância que parecia e foi intransponível.

GP do Brasil de 2009
Era mais patriotismo vazio do que chance real, mas o fato é que Rubens Barrichello estava 14 pontos atrás de Jenson Button no campeonato quando a F1 chegou ao Brasil para a penúltima etapa de 2009. Era época em que vitória valia 10 pontos e o segundo lugar 8, o que fazia a tarefa de cortar distância no campeonato um tanto quanto mais difícil.

Mas, Rubinho fez a pole e Button partiu lá do 14º lugar. A possibilidade de trazer essa distância para quatro era real, por mais que a Brawn não tivesse um carro dominante. Trazer para menos de dez e levar o campeonato para última etapa era provável.

No entanto, o brasileiro não teve ritmo e Button fez boa recuperação. No fim da prova estava em sexto e Rubinho em terceiro, o que decidia o campeonato a favor do inglês. Um pneu furado a dez voltas do fim arruinou tudo de vez e Button pode cantar sua vitória.

GP do Japão de 2006
Michael Schumacher empreendeu uma reviravolta impressionante no campeonato de 2006. Após sair do Canadá com 25 pontos de desvantagem - 2 vitórias e um quarto lugar, seria equivalente aos 62 pontos que Verstappen tem sobre Norris hoje, o alemão venceu cinco das sete corridas seguintes para empatar o campeonato em 116 pontos.

A última dessas vitórias foi na China com muita chuva, em uma das maiores vitórias da carreira do alemão. A Ferrari parecia maior e na penúltima corrida do ano, no Japão, ele largaria na primeira fila, em segundo lugar, atrás de seu companheiro Felipe Massa. Alonso partiria de quinto, atrás da dupla da Toyota que tentava um brilhareco na corrida em casa.

Poderia ser uma vitória que colocaria o alemão com a mão na taça do seu oitavo campeonato. Mesmo com a reação de Alonso, que chegou ao segundo lugar, Schumacher tinha a vitória e a liderança do campeonato na mira. Mas, há 16 voltas do fim, seu motor estourou. A vitória caiu no colo de Alonso que abriu a diferença de uma vitória para a última corrida.

GP dos EUA de 2003
Penúltima etapa de um disputado mundial, os pilotos chegaram a Indianápolis com Schumacher marcando 82 pontos, Montoya com 79 e Raikkonen com 75.

No sábado, Raikkonen fez a pole, Montoya iria largar de quarto e Schumacher de sétimo. Se tudo terminasse assim no domingo, façam as contas, Raikkonen assumiria a liderança do campeonato com 85 pontos, Montoya e Schumacher ficariam com 84, promovendo uma decisão épica em Suzuka.

Só que Montoya cometeu erros em sequência, Schumacher fez escolhas melhores no chove e não molha daquele dia e venceu a corrida, com Raikkonen em segundo. Assim, a F1 chegaria em Suzuka com o colombiano sem chances e o alemão precisando de um oitavo lugar para garantir o inédito hexacampeonato.

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