Pular para o conteúdo principal

Amsterdã

Havíamos acabado de cruzar a fila da imigração e a sensação era a de ter conquistado o mundo. O enorme aeroporto com seus corredores iluminados e idiomas misturados, as placas com uma língua incompreensível. Sento no banco para conectar o wi-fi e me certificar do trajeto do trem, com a sensação de que há uma vida inteira para ser vivida. Ali eu estava, em Amsterdã, com a pessoa que eu mais gosto no mundo prestes a iniciar os 20 dias da viagem mais planejada de todos os tempos.

Observava o Albert Heijn sem saber como eles dominam o país. O trem era algo tão diferente para nós que só tivemos certeza que tinha dado certo quando chegamos no hotel. Deixamos nossas coisas por lá e saímos. Era um dia de sol, de um sol maravilhoso que não iríamos ver pelos próximos dez dias. Caminhamos pelo De Pipj e já estávamos suficientemente encantados com aquelas muralhas de prédios cor de telhado e o tram que passava o tempo inteiro e as pessoas tão bonitas em suas incontáveis bicicletas.

Então chegamos nos canais. Singel era o nome do primeiro que vimos e ficava perto da fábrica da Heineken. Margeando o canal havia um parque ou talvez fosse apenas um jardim e algumas flores ainda resistiam àquele começo de outono, as folhas já começavam a se depositar sobre o gramado impecavelmente verde. O sol refletia nos canais e caminhando por sua margem logo chegamos no Rijksmuseum e logo estávamos no letreiro famoso e o sol continuava a brilhar de uma maneira que era impossível não ser feliz.

Dali nos perdemos em seu labirinto hipnótico de canais e a cada momento encontrávamos uma construção surpreendente e nos apaixonamos pelo Jordaan, sentamos na Dam Square e fomos soterrados pelos pombos e mesmo assim tudo parecia perfeito naquele instante, enquanto coffees shops seguiam sua atividade, garotas seguiam na janela e os moinhos continuavam a girar em um local imaginado. A vida era perfeita e nada mais.

Comentários

Postagens mais visitadas

O Território Sagrado de Gilberto Gil

Gilberto Gil talvez não saiba ou, quem sabe saiba, mas não tenha plena certeza, mas o fato é que ele criou a melhor música jamais feita para abrir um show. Claro que estou falando de Palco, música lançada no álbum Luar, de 1981 e que, desde então, invariavelmente abre suas apresentações. A escolha não poderia ser diferente agora que Gil percorre o país com sua última turnê, chamada "Tempo Rei" e que neste último sabado, 7 de junho, pousou na Arena Mané Garrincha, em Brasília.  "Subo neste palco, minha alma cheira a talco, feito bumbum de bebê". São os versos que renovam os votos de Gil com sua arte e sua apresentação. Sua alma e fé na música renascem sempre que ele sobe no palco. "Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar, fogo eterno pra  consumir o inferno fora daqui". O inferno fora do palco, que é o seu território sagrado. Território define bem o espetáculo de Gil. Uma jornada por todos os seus territórios, da Bahia ao exílio do Rio de Janeir...

Tudo se aposta

 No mundo das apostas esportivas é possível apostar em vencedores, perdedores, empatadores, em placares, em número de faltas, em número de escanteios, em número de laterais, em cartões, em expulsões, em defesas, em gols sofridos. É possível combinar mais de uma estatística para faturar números ainda maiores. É possível apostar pequenas quantidade, assim como grandes quantidades. É um mundo à margem da lei, no qual é possível inclusive manipular a realidade para obter vantagens. É isso que mostra a investigação iniciada no Ministério Público de Goiás sobre aliciamento de atletas por apostadores. Quase todo grande escândalo esportivo envolve apostas. No futebol brasileiro nós tivemos o caso da máfia das loterias nos anos 80, depois o escândalo do juiz Edilson em 2005. Só que, esses casos, envolviam placares de jogos, arranjos mais complexos. Hoje em dia, quanto tudo se aposta, a manipulação é quase inevitável. Faz tempo que a gente escuta notícias de manipulação de resultados em jogo...

2010: Considerações Finais

Minhas considerações finais sobre o meu quase finado ano de 2010. - Passei no concurso público que eu fiz. A perspectiva de ser chamado e começar a trabalhar em breve é boa. - Ter assistido a todos os jogos possíveis da Copa do Mundo. E foram todos os 56 jogos assistido (exceção feita a 10 minutos do jogo entre Austrália e Gana) e mais boa parte das reprises dos 8 jogos simultâneos. Imagino que não terei a oportunidade de fazer isso tão cedo, talvez quando eu estiver aposentado na longínqua copa de 2054. E ah, o melhor: foi uma copa muito boa. - Ter tido uma boa relação com as pessoas que conheço. Ter conhecido minha afilhada. Não ter me decepcionado com ninguém. Em compensação, o primeiro semestre do ano foi o pior semestre da minha vida. Começando por um pequeno problema pessoal e depois, pela minha saúde. Problemas com açúcar uma época, problemas intestinais, queimaduras de sol que me fizeram sentir a maior coceira da história da humanidade. E então a virose que me deixou de cama po...