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Mostrando postagens de janeiro, 2015

Nunca sei se já escrevi

Eu já escrevi muito na minha vida. Uma frase presunçosa para um cidadão de 27 anos, mas que carrega um fundo de verdade. Uma frase que também não é nenhuma surpresa para quem é jornalista e vive basicamente de escrever. Não sei dizer quantos textos escrevi nos meus tempos de jornal, nos meus tempos no Governo do Estado e em um ou outro bico que já fiz. Mas tudo bem, nesses casos, agi apenas como um operário das palavras, tentando transcrever matérias por outros e apuradas por mim para o papel. Mas e os textos que surgiram a partir de ideias basicamente minhas? São mais de mil no CH3. Aqui já são mais de 500. Outras tantas em um blog que tive na adolescência, em colunas que escrevi aqui e ali aonde surgia uma oportunidade. Tento escrever com alguma rotina e a única exigência é não me repetir em temas. E isso é difícil. Já são tantos textos por aí, que nunca tenho certeza absoluta se o texto é inédito ou não. Ontem mesmo, enquanto escrevia sobre o Foo Fighters na academia, pensei

Foo Fighters: Banda de Rock Padrão

Sexta-feira de manhã, chego a minha academia e ela está completamente vazia. A dona do estabelecimento inclusive cochilava, deitada, em um desses aparelhos de exercícios aeróbicos. A TV ligada no Bom Dia Mato Grosso, num volume quase encoberto pelos ventiladores. Assino meu nome na lista de frequência e vejo que realmente sou o único no local. Quando passo pela catraca, ela se assusta e acorda, envergonhada. Não havia como negar que estava dormindo e disse que estava ali desde as seis da manhã, sem nenhuma viva alma por lá. Disse que tudo bem e segui para a bicicleta ergométrica, enquanto ela voltava para seu posto na "recepção". Então, ela colocou uma música para tocar. Música de academia é aquela coisa: remixes dos mais variados, CDs do David Guetta e outras coisas pop, que não sei exatamente quem é que canta. Digo que me mantenho atualizado sobre os lançamentos de Rihanna e similares pela academia. Não dessa vez. Quando a música começa a tocar logo reconheço que é T

500 dias depois: Abertura do festival do Japão

Em uma vida de assessoria de imprensa de um órgão público, você pega muitas pautas furadas. Inúmeras, principalmente nas pautas noturnas. Uma gama enorme de jantares protocolares, nos quais você tem que se esforçar para espremer algum conteúdo. Vez por outra surge uma pauta legal. O Festival do Japão se enquadra nesse caso, por mais que o “legal” seja uma maneira benevolente de se falar. A pauta é legal, mas, se lhe fosse dada a opção, você preferiria ficar em casa. Estar lá na “pauta legal”, significa apenas que aquele não é o pior dos mundos. O legal do Festival do Japão é a observação de um espaço completamente diferente. Não tenho conhecimento se a colônia japonesa por aqui é grande. Restaurantes japoneses não são exatamente populares, eles passam aquela imagem de sofisticação. Pessoas com paladar refinado conseguem mandar para dentro algum daqueles sushis metidos a besta com cream cheese e cenoura. Pessoas chiques vão ao restaurante japonês da cidade utilizando camisas Brooksfie

Coca Dois Litros

Chegando na rotatória eu percebo um corpo estranho no chão. Tenho que dizer que sempre tenho dificuldade em reconhecer objetos caídos no asfalto e tenho uma tendência surrealística de interpretação. Folhas secas de coqueiro me parecem um cadáver de um cavalo, pedaços de pano parecem sempre algum animal espatifado. Não sei dizer o que eu achei que era, mas logo percebi que se tratavam de duas garrafas. Quando cheguei perto foi possível perceber que eram duas garrafas de coca dois litros caídas no chão. Uma ainda estava envolta na sacola plástica, a outra se perdera. Não haviam se rompido e, pensando nisso agora, amaldiçoo aquele dia em 1999 quando deixei uma garrafa de coca cair no chão do Big Lar e ela explodiu. Poxa vida, seria muito mais fácil uma garrafa estourar a cair de um veículo em alta velocidade no asfalto. As garrafas estavam suadas, sinal de que a Coca estava gelada. A espuma se acumulava, prova de que a queda ainda era recente. Pensei por um instante que poderia aconte

O gol do ano

O gol que James Rodríguez marcou na partida contra o Uruguai nas oitavas de final da Copa do Mundo foi realmente espetacular. Quando ele marcou esse gol, todos ficamos impressionados. Já estávamos impressionados com o garoto que arrebentou na primeira fase e havia marcado um golaço contra o Japão, aqui em Cuiabá. Todos pensamos que seria o gol mais bonito da Copa. Mas o tempo, ah, o tempo. Ele não deixa margem de comparação. O gol de Van Persie foi, talvez não mais bonito, mas muito mais espetacular. Chutes com o de James são raros, mas acontecem, já vimos por aí. O peixinho voador de Van Persie é único. Ninguém nunca viu nada parecido. O lançamento de quarenta metros, a corrida solitária, o salto no ar e a cabeçada que encobriu Casillas. Plástico e espetacular. O gol do ano, do século, o gol de uma vida. Um gol simbólico. Não há como negar, esse foi o gol que deu início a Copa do Mundo. Se o torneio estava com um clima estranho entre protestos, aberto com um jogo mediano do Brasil

Radares

Encher a cidade de radares que controlam a velocidade dos automóveis sempre será uma decisão polêmica. Sim, há um código de trânsito e há um limite de velocidade para cada via de cada cidade brasileira. Mas é aquela história, existem avenidas com velocidade máxima de 50 km/h, onde se poderia andar a 60km/h, sempre se desconfia de que multas são inventadas e há o problema de os radares serem licitados. Basicamente, a prefeitura paga uma empresa para administrar o negócio. E a empresa quer ter lucro, mas multas de trânsito não foram feitas para se ter lucro. São maneiras de punir quem excede os limites, apenas isso. E para onde vai o dinheiro arrecadado pelas multas? Realmente há uma melhoria na condição das estradas? São investidos em campanhas educativas e essas campanhas funcionam? Uma coisa apenas não pode ser negada. Os radares exercem uma forte influência psicológica. Eles foram instalados a pouco tempo em Cuiabá em não mais do que três avenidas. É possível saber a localização

Dylan (quantas vezes?)

De repente começo a escutar Oh Mercy , disco que Bob Dylan lançou em 1989 e que os críticos tratam como o renascimento de sua carreira. E acredito que seja mesmo, os discos lançados depois de Infidels de 1983, são pavorosos. Começa a tocar a faixa 7, What Good Am I?, e não dá para não reparar em sua beleza. A faixa é lenta, chega a ser arrastada, mas enquanto ela toca o mundo se silencia. É fantástico. Existem músicas que se completam pelo barulho e canções que preenchidas pelo silêncio. Time Out Of Mind de 1997, o disco da sua ressurreição, é um disco inteiro assim. As canções são formadas por bases repetitivas de órgão, baixo e bateria, riffs que se repetem sob a voz gasta de Dylan. A música valoriza o silêncio e sua voz parece até sobrenatural. Cada verso soa como uma verdade absoluta. Sempre é possível se surpreender com Bob Dylan. Sua discografia extensa, da qual não vale a pena contar a quantidade de discos, sempre reserva uma surpresa boa. Do começo folk, a trilogia rock d