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Mostrando postagens de abril, 2011

Faculdade

Foi num dia 27 de abril, em 2005 que eu tive minha primeira aula na faculdade. Ou, o que deveria ser a minha primeira aula. Pois nesse dia eu só vi uma apresentação de monografia e tive punhados de farinha descarregados na minha cabeça. A faculdade foi uma época marcante da minha vida. Não apenas pelas amizades e pelas histórias. Mas pela experiência de liberdade e responsabilidade. No colégio você deve explicações mais aos seus pais. Uma nota baixa, mau comportamento, seus pais podem ser contatados - o que é uma ameaça de morte. Na faculdade tudo diz sobre você. Se você não entregar o trabalho, as conseqüências são suas. E a liberdade. Você pode ou não ir para a aula. Pode sair da aula. Pode ficar aonde quiser. Eu pelo menos, nunca me pressionei quanto ao vestibular. Mas na faculdade também conheci a pressão de ter três resenhas, um roteiro, uma entrevista, uma reportagem e um artigo científico para entregar na semana que vem. De chegar ao ponto de desistir, mas, por milagre, tudo com

Foo Fighters, Finalmente

Ao escutar Wasting Light, o novo disco do Foo Fighters, fui tomado por uma tentação: a de esperar que na próxima faixa o ritmo do disco caísse. Motivos eu teria para acreditar que o disco não seria bom. O grupo de Dave Ghrol foi lançando discos cada vez piores, na medida em que eles eram levados mais a sério, no tempo em que deixavam de ser apenas a banda do antigo baterista do Nirvana. Desde There Is Nothing Left to Lose que os Fighters não lançavam um disco realmente bom. E o último era realmente fraco e sem inspiração. Ao mesmo tempo, Dave Ghrol parecia estar cada vez mais envolvido em seus incontáveis projetos paralelos. Pois, a cada música a minha tentação era frustrada. Algumas canções podiam começar mais ou menos, mas todas tinham refrões grandiosos. Ao chegar ao final do disco, era difícil apontar a melhor e a única certeza é que não havia uma música realmente ruim. O Foo Fighters finalmente me surpreendeu. Bridge Burning é uma faixa resumo do melhor que o grupo já fez, White L

Minha avó

Minha avó não cozinhava bem. Ao que dizem, ela cozinhava mal, razão pela qual, ela nunca cozinhava quando eu estava lá. Acho que nunca comi a comida dela, uma situação que desfalca a maioria das histórias sobre avós. Minha avó gostava de mostrar fotos. Sempre ia buscar um álbum que ela guardava no armário com uma centena de fotos. Fotos do começo do século, fotos de sua juventude, dos seus filhos ainda crianças. Me mostrava sempre as mesmas fotos, a cada ano que eu ia lá. Mas eu as via sempre como se fosse pela primeira vez. Quando eu já sabia alguma história sobre a foto em questão, fazia alguma pergunta despretensiosa, dando o gancho para que ela a contasse novamente. Percebia que ela se sentia bem contando a história, então, eu sempre fazia isso. Lá estava o tio Lico. Sua dezena de irmão homens. Seus irmãos que morreram num acidente de carro. Minha avó sempre dizia que era uma boa aluna em história. Que seu sonho era ser professora de história. Mas ela parou de estudar na quarta

Vontade

Vez por outra me dá vontade de escrever um texto enorme sobre algum assunto. Alguma polêmica da vez. Minha cabeça imagina os parágrafos. Mas logo penso se vale a pena, se as idéias são realmente boas. A vontade passa e eu desisto. Felizmente até.

Paz

Não há como ser contra a paz. Mas seus pedidos costumam a ser vagos. Coisa de ator da globo em vinheta de final do ano. Paz é algo intangível, variável. Mas, repito: não há como ser contra a paz. O atentado do Realengo traz novamente, pedidos de paz. Em um caso que nada tem haver com a paz. O massacre não é uma cena do caos urbano da cidade, da violência desenfreada. A paz que faltou, foi na mente perturbada de Wellington. Pessoas tendem a pedir paz em casos isolados. Pediu-se paz quando a menina Nardoni foi jogada pela janela. Quando Eloá foi baleada. Em todas essas situações, não há influência nenhuma de uma cultura das armas ou o que quer que se diga. Um é um caso passional, o outro um problema familiar. A paz deve ser pedida, por mais difícil de definir que ela seja, a cada assalto, cada latrocínio, seqüestro. Situações criminosas que se repetem com freqüência. A Paz nada tem haver quando uma mente perturbada pega em armas para tentar resolver problemas pessoais.

Fatalidade

A tragédia do Realengo não pode ser tratada como uma fatalidade. Claro que é um caso em que não há um culpado, exceção feita ao atirador, um lunático, sem dúvida. Não há culpa específica dos governantes, do sistema de segurança - por mais que essa seja a primeira coisa que vem a cabeça. É certo que poderia ter ocorrido em qualquer lugar do mundo. A culpa está, por assim dizer, no sistema mesmo. No sistema escolar, no abandono do ensino público, na falta de amparo ao aluno. Na falta de compreensão/entendimento/aceitação do diferente. Da pressão social pelo status, em que quem não atinge determinado patamar não está apto para fazer parte de um clube imaginário - o clube das pessoas que tem o produto X. O Bullying ainda é visto com certo preconceito, como uma frescura, uma coisa de criança. Como se fosse uma tiração de sarro em que apenas os fracos não se adaptam. Não é apenas isso. O Bullying também não é a explicação para tudo - afinal, não há uma explicação palpável. Não é que ele gere