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Mostrando postagens de outubro, 2009

Andei escutando (3)

Black Sabbath – Paranoid (1970): Apesar do carisma de Ozzy Osbourne, o melhor que o Black Sabbath tem a oferecer são as guitarras. O vocal de Ozzy também é marcante, mas o melhor do disco é a sucessão de riffs e solos de Tommy Iommi. É assim na sensacional War Pigs e na clássica Paranoid . Echo & The Bunnymen – The Fountain (2009): É claro que o auge do Echo foi nos anos 80. Mas desde o seu retorno em 1997 a banda apresenta trabalhos consistentes. Ian McCulloch e Will Sergeant sempre oferecem aos ouvintes alguma boa linha de guitarra e algumas belas melodias, que se encaixam na voz cada vez mais cansada de Ian. Em um ano de lançamentos decepcionantes é um alento escutar Everlasting Neverendless . Spacemen 3 – Playing with Fire (1989): Com um pouco de paciência, você começa a observar alguma beleza nesse disco. No geral é um conjunto de improvisações e repetições na guitarra, sintetizadores e vocais sussurrados que parecem vir de outro planeta. Honey e So Hot (Wash away

Papéis velhos

Movimentos se organizam no saguão do IL e poucas pessoas se importam. Continuam tomando café na cantina, perguntando o que vem a ser as cartolinas, a malabarista e os papéis* entregados. Um zine de uma chapa concorrente ao Centro Acadêmico e o lançamento de site religioso se confundem. Um texto irônico que rebate críticas que quase ninguém sabe que críticas são, e divagações filosóficas sobre a existência, que sorteiam um MP3 Player chamam à atenção pela movimentação e não pelo que pretendem. Qualquer um pode vir e dizer o que pensa sobre a vida, a morte ou a fome na África. Mas não sensibiliza ninguém. Para as pessoas na cantina, pouca importa o calor dos acontecimentos, mais importante é o calor do café. *Não sei se atualmente tem acento.

Invasão Ciclista

Estava na Avenida da FEB por volta de 3:30 da manhã, quando vi um ciclista esperando para atravessar a rua, na altura da ponte nova. Cinco minutos depois, voltando, encontrei outro ciclista esperando para atravessa a avenida em frente a um Banco do Brasil. Atravessa a ponte e de volta a Cuiabá vejo mais um ciclista esperando para atravessar, dessa vez a Beira-rio. Passo a Beira-rio inteira para encontrar outro ciclista passando pela ponte do Rio Coxipó. Para terminar encontro mais quatro ciclistas a duas esquinas da minha casa. Imaginei ser o prenúncio de uma Invasão de Ciclistas. Eles saem a noite, quando não há ninguém vendo. Planejam dominar o mundo, talvez. No dia seguinte não vi três, nem quatro. Vi doze ciclistas na entrada do meu bairro. Agindo em plena luz do dia. Dominavam a rua inteira. E não eram ciclistas desses, que se vestem com capacetes, joelheiras e usam garrafas squeeze. Eram ciclistas a paisana. Poderiam a qualquer momento deixar suas bicicletas e se comportar como s

Light up

A primeira vez que eu ouvi falar do Snow Patrol foi no começo de 2005, lendo na saudosa coluna do Sukrilius do site Abacaxi Atômico, um texto sobre os melhores discos do ano de 2004. Em sua lista, o primeiro lugar era do Snow Patrol, com seu disco Final Straw. A lista alias, era muito boa, e foi através dela que também escutei falar de Ben Kweller e Wilco. Todos são hoje alguns dos meus artistas favoritos. No entanto, eu só fui escutar Snow Patrol, por acaso, em uma madrugada no canal Much Music. Se tratava do clipe da música Run. E no momento que eu vi achei sensacional. Fiquei com uma enorme vontade de escutar a música, e baixei o programa eMule apenas para baixar essa música. Depois baixei o disco todo, comprei o disco, e o tenho como um dos melhores discos que conheço, realmente. E Run... é uma música sensacional. E uma das músicas mais emocionantes que conheço. Ela soa como... alguém tentando passar uma mensagem para alguém distante, como se essa pessoa não pudesse ouvir. A música

Jamais

Rubens Barrichello jamais será campeão mundial de Fórmula 1. Nunca. E isso não é culpa exclusiva dele. Existem pessoas que simplesmente não nasceram para ganhar. Não foram talhadas para o sucesso. Não que ele seja um mau piloto. Na F1 pós-94 (ou seja: depois da morte de Senna, e das aposentadorias de Piquet, Mansell e Prost) foram poucos os pilotos mais competentes que ele. Nem mesmo campeões como Damon Hill. Em seus 15 anos de carreira, Rubinho teve algumas atuações memoráveis, atuações que se ele repetisse com freqüência, fariam dele uma lenda do esporte. Mas o fracasso parece estar sempre impregnado no retrato de Barrichello. Seja por suas feições, pelas suas falas, sua dancinha ridícula no pódio. E seja pela sua inconstância. Pelas falhas no momento em que as pessoas imaginavam que ele iria embalar. Pelo carro parado na largada, quando ele parecia ir em busca da vitória. Pelo desempenho medíocre no dia em que precisava vencer. Seu mérito são seus renascimentos. A primeira vitória q

Fragmentos do Talese

... Qualquer que fosse o assunto, os noticiários da televisão se esforçavam por ser sucintos, visualmente fortes e impregnados de tudo o que pudesse induzir as pessoas a permanecer sintonizadas; e as próprias pessoas que eram notícia (aquelas que eram focalizadas pelas câmeras) muitas vezes atuavam para essas câmeras, procurando conciliar a necessidade que estas têm da expressão visual e vitalidade com sua própria necessidade de serem vistas e ouvidas na televisão e assim divulgar aos quatros ventos sua mensagem para as massas. Não é que a televisão deturpasse as notícias; os que eram notícia é que se deturpavam a si mesmos para a televisão. (...) Eu tinha sido formado dentro dos princípios do jornalismo impresso, e quando os repórteres da televisão começaram a entrar em campo, durante meus primeiros anos no Times, foram escarnecidos por meus colegas mais velhos como uma raça de bastardos que envergonhavam a profissão. Dizia-se que tinham uma visão superficial, com muita aparênci

O ideal...

... para mim, seria ter um computador no banheiro. Debaixo do chuveiro. É tomando banho que tenho minhas melhores idéias. É quando frases prontas e que parecem absolutamente geniais vêm à minha cabeça. Durante os devaneios com o barulho da água caindo e a mente relaxada. Me esforço para que as frases se mantenham, para que elas tenham a mesma poesia ao final do banho. Mas o tempo necessário para sair do chuveiro e colocar uma roupa é suficiente para matar as palavras. Para que eu as esqueça completamente, ou para que o que restou delas me pareça completamente banal. O que me sobra, por vezes é o assunto. O assunto... o assunto. Quando é para o meu blog de humor, lembra o assunto já é muito interessante. Ele é sempre necessário, anotado em meus pedaços de papel, ou desconstruídos em uma página do Word. Sei que mais tarde (nem que isso demore dois anos) essas idéias serão desenvolvidas e transformadas em algo para ser postado. Mas é diferente quando o assunto é para este blog. Escrever s

Andei escutando (2)

Bob Dylan – Live 66: O grito vem da platéia: “Judas!”. Bob Dylan havia acabado de tocar Ballad of a Thin Man , na parte elétrica do seu show que tanto irritava os puristas. Ainda mais depois da parte inicial totalmente acústica. Dylan responde “Eu não acredito em você. Você é um mentiroso!”. Era sua época de jovem rebelde, do folk eletrificado. Em que as letras políticas deram lugar ao surrealismo. “Não dá para entender as letras” diziam os puristas no momento em que Dylan aparecia no palco com a The Band para tocar versões barulhentas e perturbadas de suas canções. Perturbado. Essa é a melhor definição para o Bob Dylan da época. E essa é a melhor definição para a versão de Like a Rolling Stone que encerrou o show, após a pequena discussão com a platéia. Como que para irritar, ele ordenou a banda “toquem alto para caralho”. No fim, a platéia aplaudiu. Bob Dylan – Modern Times (2006): O que as pessoas fazem aos 65 anos de idade? Bob Dylan compôs Modern Times. O seu melhor disco em an

Lembranças do Voluntariado (2)

Estava assistindo o final do jogo entre Canadá e República Dominicana. O Canadá vencia com uma vantagem tão grande, que o texto sobre a partida já estava pronto. Esperava apenas o placar final para atualizar. Foi quando um homem entrou na sala de imprensa, com uma camisa vermelha da FIBA. Foi tomar um café, olhou a partida e viu que meu computador estava ligado no site da competição, acompanhando as estatísticas da partida. Viu e perguntou “tá tudo funcionando? Hmm, legal. E o Play by Play ta correto?”. Respondi que sim para as duas perguntas. “Daqui a pouco eu vou fazer do jogo do Brasil. Se der um erro você pode pensar ‘ih, aquele cara que tava aqui ta fazendo merda’”. Sim, há alguém que atualiza o site da competição. E ele toma café ali na sala onde você está. Logo, ele está suscetível a erros também. Tal qual você estaria. Não existe uma máquina atualizadora. Trabalhando nos bastidores você conhece as pessoas que podem errar. Sabe quem é o operador que colocou o VT errado. Reconhec